07 dezembro 2009

Tunísia e os Romanos - Museu do Bardo

 
Um dos lugares mais importantes e com mais encanto de toda Tunísia é o Museu do Bardo, situado a uns 4 Kms da capital.

Neste museu pode ser admirada a colecção de mosaicos mais importante de todo o mundo. Ainda que os mosaicos conservados datem de diferentes épocas, a maioria data dos séculos II ao IV.

O que realmente chama a atenção é a qualidade e a quantidade das obras expostas. Existem ali tantos mosaicos
que o próprio chão do museu, é de facto, mosaicos romanos verdadeiros.

Definitivamente, é um lugar imprescindível de se ver, mas de toda a colecção destaco dois mosaicos:


Este mosaico representa uma passagem da Odisseia de Homero, em que o herói Ulisses (mitologia romana) na sua jornada de regresso à sua ilha natal, Ítaca, depois de 20 anos de ausência (10 anos da guerra de Troia +  10 de viagem), passa por grandes perigos. Neste caso são as tentadoras e perigosas sereias, mas seguindo os concelhos de Circe, Ulisses precaveu-se, para que nem ele nem os seus homens, caíssem na tentação mortal destas criaturas.

"O navio velejou primeiro para a ilha das Sereias, terríveis criaturas com cabeças e vozes de mulheres, mas com corpos de pássaros, que existiam com o propósito de atrair marinheiros para as rochas de sua ilha com doces canções. Quando o barco se aproximou, uma calmaria mortal se abateu sobre o mar, e a tripulação utilizou os remos. De acordo com as instruções de Circe, Ulisses tampou os ouvidos da tripulação com cera, enquanto ele próprio ordenou para ser amarrado ao mastro, de modo que pudesse passar a salvo pelo perigo e ainda ouvir a canção. "Venha para perto, Ulisses", cantavam as Sereias: Ulisses gritou para seus homens para que o soltassem, pois já estava seduzido pelas sereias, mas como eles não o podiam ouvir, remaram resolutamente para a frente, e o perigo acabou passando."

Na foto pode ser visto, todos os marinheiros a olhar para a esquerda ,enquanto Ulisses amarrado ao mastro, olha fixamente para as sereias.


Neste outro mosaico é representado Virgílio, apelido de Publius Vergilius Maro, durante o Império Romano era considerado "o poeta".

Neste famoso retrato fictício ele está sentado entre duas musas (à sua direita, Clio, e à esquerda, Melpômene), com um rolo de papiro sobre o joelho esquerdo. Trata-se de um papiro com a Eneida é claro, o célebre poema épico de Virgílio que conta a queda de Tróia e as aventuras do herói Troiano Enéias, ancestral mítico dos fundadores de Roma.

O 8º verso do poema, mostrado no mosaico, tem evidente inspiração homérica e diz "Musa, mihi causas memora, quo numine læso", "Musa, recorda-me as causas: que divindade foi ofendida?"

Este é considerado um dos mais importantes mosaicos, viajando em exposições por todo o mundo, tive a sorte de o poder fotografar e ver o pormenor com que foi construído usando apenas pequenas tecelas, para assim ter mais detalhe.


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